Iniciando os trabalhos

A alguns anos atrás perguntei a uma amiga, que trabalha com vinhos, onde poderia fazer um bom curso de Sommelier em São Paulo. Ela me recomendou o SENAC, onde ela estudou a respeito. Fui atrás e a grade de horários me desanimou: nunca dava certo com meus horários, pois tinha que conciliar com as atividades de profissional de TI.

Então, veio a minissérie “Amores Roubados” da TV Globo e, óbvio, inúmeras fofocas na internet. No meio de tudo isso, uma coisa me chamou a atenção: uma reportagem onde o ator principal contava como foi o laboratório para compor seu personagem, um Sommelier. E ele citou a Associação Brasileira de Sommeliers, no Rio de Janeiro. Pesquisei e encontrei também em São Paulo, localizada na Vila Olímpia. Descobri que eles tem um curso básico, para iniciantes profissionais ou não, além dos cursos para formação profissional de Sommelier. E com horários mais interessantes para mim. Então decidi me inscrever no curso básico, para conhecer e decidir depois se faria os cursos profissionalizantes lá.

Por coincidência (ou não, rs…), a formação da maioria dos professores é de médicos. Foram um total de 8 aulas com 7 professores diferentes, e cada aula era um experiência diferente. Todos eles possuem muito conhecimento em tudo o que é relacionado com o mundo do vinho e didáticas bem interessantes. Todas as aulas foram muito boas. Até quando o assunto abordado era mais teórico (ou seja, mais chato), eles conseguiam ministrar de forma a prender a atenção do aluno até o final. Pelo menos, comigo foi assim. O curso dá uma visão geral de tudo o que é relacionado com o vinho: história, regiões onde é favorável o plantio da uva e produção do vinho, tipos de uvas, produção, degustação, eno-gastronomia, serviço do vinho. E, em todas as aulas, há degustação orientada de vinhos. E só vinhos top, com “V” maiúsculo. O curso ainda possui uma apostila digital, além de indicações de livros, websites e outras fontes de informação.

Foi durante esse curso que eu decidi fazer o blog. Para exercitar. Não me transformarei numa expert de uma hora para outra, mas é o começo. Porque uma coisa é fazer degustações de vinhos maravilhosos e caros para se encantar e ficar com vontade de conhecer mais a respeito do assunto. Outra coisa é lidar com o dia a dia, onde nem sempre os melhores vinhos estarão à disposição.

Extraí algumas percepções após esse curso: preferência pessoal por Malbec; poderia passar uma noite inteira curtindo uma taça de  Sauvignon Blanc apenas no olfato, sem beber (é serio!); quero conhecer todas as vinícolas do mundo; preciso treinar muito minhas percepções olfativas e gustativas;

Próximos passos: fazer a formação completa de Sommelier; conhecer tudo o que for possível nesse mundo fascinante; treinar, treinar e treinar.

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Carmenzita

“Como assim você NUNCA bebeu esse vinho???!!! É da vinícola mais antiga e tradicional do Chile!!!!!”- foi assim que uma amiga, sommelier do Empório Rios, me questionou a respeito desse vinho: Camenère 2012 – Viña Carmen. Na verdade, acho que foi uma bela de uma bronca. E depois dessa, eu tive que levar o vinho para casa.

Mas calma… Sou novata nesse mundo mais criterioso dos vinhos. E, confesso que argentinos, lambruscos e alguns brasileiros fizeram mais parte do meu dia-a-dia até eu decidir levar essa brincadeira mais a sério.

Escolhi um dia em que as coisas deram certo para bebericar e apreciar esse vinho, achei que era uma boa ocasião para celebrar. Depois pedi uma pizza, vinho sempre pede alguma comidinha para acompanhar.

A cor do vinho era rubi, com aroma de frutas maduras. Tinha taninos na media e corpo médio, era gostoso na boca. Ganhou 4 estrelinhas, é um vinho com um ótimo custo-benefício, R$ 50,00~R$ 60,00 em média, que passará a frequentar minha adeguita.

Óbvio que depois fui pesquisar a respeito da vinícola. A Viña Carmen existe desde 1850 e possui vários vinhos premiados e bem pontuados. Se o vinho que eu provei, que é da linha mais básica, era muito bom, os tops devem ser simplesmente maravilhosos. Não é à toa que o Chile é uma grande referência no mundo dos vinhos do novo mundo.

🙂

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Cozinhar e bebericar, a melhor terapia do mundo

Semana passada tive um dia daqueles. Cheguei em casa tarde, cansada e frustrada com tudo o que aconteceu nesse dia. Decidi então ir para a cozinha. Sempre gostei de cozinhar, então foi uma forma de aliviar o stress. E, claro, acompanhado de vinho.

Prato da noite: risoto de queijos. O vinho foi um Pinot Grigio italiano, di Leonardo, safra 2008. O vinho eu ganhei de brinde em uma loja especializada. Na mistura do risoto tinha parmesão, queijo processado e creme de leite, além do próprio vinho.

O vinho tinha uma cor amarela bem intenso, palha como dizem. A sua maturidade estava um pouco ultrapassada. Não era muito ácido. Os aromas também estavam “envelhecidos”, não consegui reconhecer muita coisa. Mas, isso não significa que não era possível beber o vinho.

Ganhou 3+1/2 estrelas. Depois, fui procurar informações a respeito de vinhos com essa uva. Descobri que era realmente um vinho para ser consumido ainda jovem, no máximo 3 anos. Tentarei encontrar uma safra mais nova desse mesmo vinho, para uma nova experiência. Mas para esse dia, o vinho fez o seu papel: mandar o stress pra bem longe de mim.

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“Almojanta” do final de semana

Levantar da cama ao meio-dia significa que tudo o que acontecer naquele dia será postergado. Inclusive as refeições. O almoço acaba acontecendo no final da tarde, quase noite, e transforma-se num “almojanta”. Desta vez, ficou  mais fácil apelar para o que é mais simples: macarronada! E, com um vinho para acompanhar. Comecei a preparar no final da tarde e quando fui almoçar já estava escuro lá fora.

Decidi abrir o outro vinho do Clube Wine, o Fantinel Zuccolo Cabernet Sauvignon DOC Friuli Grave 2013. Como foi muito mal avaliado na internet, é melhor tirar logo da adega, sabe como é, rs…

A cor dele é rubi, translúcida. Achei estranho, por se tratar de um Cabernet, imaginava algo mais encorpado. O aroma lembra frutas maduras, mas dá para perceber o desequilíbrio entre acidez e álcool, mesma característica do Merlot da mesma vinícola, e isso foi comprovado pelo paladar. Além desse desequilíbrio, possui uma persistência médio para baixa, outra  coisa que eu achei incomum para esse tipo de vinho.

Considerei um vinho 3 estrelas também. É possível beber, não é tão ruim como as avaliações que eu li. Mas há vinhos bem melhores, inclusive originados da mesma uva.

Tenho o hábito de preparar um molho de tomate “base” com tomates frescos combinados ou com extrato ou com tomates pelados enlatados, para congelar e depois preparar alguma coisa elaborada na hora de consumir. Neste último lote, fiz o molho combinando tomates italianos frescos com tomate pelado.

A elaboração da vez contou com bacon e calabresa e uma pimentinha (que não era ardida). Pus um pouco do vinho para cozinhar junto com as carnes, juntei o molho e mais um pouco do vinho. Ficou bem suave. O macarrão usado foi um talharim integral grano duro.  Vamos combinar, no final, macarronada é sempre tudo de bom!

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Quando um petisco chama um vinho…

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Domingo comprei um petisco no Pão de Açúcar chamado GROK. É um snack de queijo assado, nunca tinha experimentado. A-DO-REI!!! E, óbvio, o petisco pediu um vinho para acompanhá-lo. A escolha foi um Malbec de Mendoza, da Casa Valduga: Mundvs Malbec 2011. O vinho eu tinha comprado a cerca de um  mês, no Rey dos Whiskys & Vinhos.

Ué, mas Casa Valduga não é brasileira? Como é que o vinho é argentino? O rótulo informa que é fabricado por uma vinícola argentina, a Sottano, importado e distribuído pela Casa Valduga (em outra oportunidade, olharei com carinho os vinhos da Sottano publicarei no blog!). A linha Mundvs é formada por vinhos fabricados em vinícolas fora do Brasil sob a supervisão da Casa Valduga e depois ganham a marca dessa vinícola.

A sua cor é rubi, intenso. O aroma é de frutas maduras. Senti um leve amadeirado e nada do aroma de baunilha que indica na ficha técnica. Na boca é encorpado, com um bom equilíbrio entre acidez, álcool e taninos.

Minha avaliação no Vivino foi de 4 estrelas. Particularmente, gosto de Malbec.

A combinação com o petisco, ficou muuuuuito boa. Quando o pacote acabou, o sentimento que ficou era que poderia ter mais um 5 pacotes para terminar com a garrafa. Mas tudo bem, o vinho acabou sem o petisco mesmo, rs!

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Fantinel Zuccolo Merlot DOC Friuli Grave 2013

Esse vinho veio do primeiro mês de assinatura do Clube Wine (One).

Quando vi as avaliações do site da Wine.com, fique assustada. A pontuação foi muito baixa. E justamente no meu primeiro mês. Falaram que o vinho é horrível, parecia vinagre, que jogaram fora, coisas similares.

A primeira dose servida na taça apresentou pequenas bolhas, o que é estranho, pois não se trata de um espumante. Mas a rolha não apresentou qualquer característica que poderia apontar que o vinho estava alterado. A sua cor é rubi, translúcido, sem halo de evolução. O aroma olfativo lembra frutas mais maduras, mas não achei o toque herbáceo que consta na descrição. No paladar, notei um desequilíbrio entre a acidez e o álcool, talvez esse seja o principal motivo de tanta avaliação ruim. Dá para notar as mesmas lembranças frutadas do olfato. A persistência é baixa. É um vinho leve e honesto, considerando o preço de R$ 25,00.

Minhas avaliações na Wine.com e no Vivino foram de 3 estrelas, é possível beber sim, mas não compraria novamente. Prefiro outros tipos de vinhos. E há vinhos melhores no mercado, inclusive na mesma faixa de valor.

Para acompanhar o vinho fiz um picadinho de carne bovina (usei o mesmo vinho na receita) com polenta. Na comida, ficou muito bom! 😉

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Obs: provei um segundo Merlot da Fantinel e publiquei a respeito também.

A última morte

Passava da meia noite quando seus olhos debruçaram sobre a sentença fatal. Suas suspeitas foram confirmadas. Seu lado racional já esperava por isso, mas seu coração continha um resto de esperança de que tal fato não se tornaria realidade. Imediatamente sentiu a dor no peito e seus olhos encheram-se de lágrimas. Teve dificuldade para respirar. Sua cabeça começou a girar. Embriagada, sem beber uma gota de álcool. Lia e relia, ainda incrédula. Sentia-se traída, decepcionada. Perdida. Sem ter a quem recorrer. Sem saber em quem confiar. A dor aumentava e seu choro era cada vez mais sofrido. O mundo em sua volta girava cada vez mais rápido. Por horas, não conseguia sequer raciocinar direito. Passou a madrugada lutando contra o que sentia naquele momento, em vão. A dor no peito era cada vez mais forte, a respiração era cada vez mais curta e difícil. Após muitas horas, não tinha mais lágrimas, mas seu gemido era muito cruel. E foi assim até amanhecer. Até sucumbir. Até que finalmente, dentro de seu quarto e deitada na cama, olhou para o teto e viu o céu da noite. E uma grande lua cheia. Então, cerrou os olhos.

Reflexões para 2012

Prometo que em 2012 vou voltar para a academia e fazer mais exercícios físicos, emagrecer os quilos que eu ganhei nos últimos 2 anos, gastar menos, ler mais, acabar com maus vícios, etc, etc, etc, … Uepa!!!

Esta é uma semana mágica. A grande maioria das pessoas consolidam suas promessas para o ano novo. Como se, num passe de mágica, a virada de ano transformasse tudo o que foi ruim no ano que passou em coisa boa. E aí, no decorrer do ano, as lamentações voltam como se a causa fosse totalmente desconhecida. É a maré de azar, tadinhos.

O que muita gente não consegue entender, é que praticamente tudo o que acontece em nossas vidas faz parte das consequências das nossas próprias escolhas, das nossas próprias decisões. E não adianta colocar a culpa no acaso, em outras pessoas. A decisão final é sempre sua. E ponto final.

Com altos e baixos, consegui visualizar como minhas escolhas influenciaram nas coisas que me aconteceram esse ano. Para o próximo, quero continuar esse processo de auto-avaliação constante, e já com algumas metas estabelecidas. Nada de promessas de ano novo, mas sim uma coisa mais consciente. E dar mais atenção para a minha intuição que, neste ano, foi poderosa.

Esse ano coloquei alguns pontos finais. Com pessoas falsas e mentirosas. Com pessoas que acham no direito de ditar os rumos da minha própria vida. Com pessoas que eu tenho certeza que não querem amadurecer. Com pessoas que são capazes de prejudicar outras em seu benefício próprio.

Em compensação, esse ano conheci muita gente nova. Pessoas aventureiras. Pessoas solidárias. Pessoas de bem. Pessoas guerreiras. Pessoas alegres e que valem realmente a pena. A vida é assim, a gente conhece muitas pessoas, algumas fazem parte da sua vida permanentemente, algumas por um período curto.

Para 2012 eu quero é muita saúde, porque o resto a gente corre atrás.

Pai

Feira de domingo da Liberdade, eu comendo o doce com azuki feito em uma das barraquinhas com meu pai. Feira livre do sábado era dia de ir pra feira com ele. Ele voltava carregando o carrinho cheio de verduras e frutas e eu voltava com um balão amarrado no pulso. Parte das minhas lembranças clássicas da infância.
Meu pai era do tipo quietão, preferia ficar na dele. Entre amigos era reservado porém descontraído, principalmente depois de alguns drinques. Gostava dos horários certinhos para almoçar e para jantar. Quando estourava, por algum motivo, era melhor ficar bem longe. Nasceu no Japão, viveu a guerra e o pós-guerra, aos 21 anos lançou seu vôo solo e veio para o Brasil, onde passou seus últimos dias.
Não tive muita convivência com ele. Ele vivia viajando a trabalho, então era um mês fora e uma semana em casa. Quando eu tinha 10 anos, ele foi trabalhar no Japão, como dekassegui, e quando voltou definitivamente para o Brasil eu já tinha lançado meu vôo solo.
Sempre fui muito curiosa com as coisas que ele fazia, quando criança vivia prestando atenção quando podia estar perto dele. Tínhamos uma ligação muito forte, muitas vezes não era preciso uma palavra e já sabíamos o estado de espírito um do outro. Era gostoso, depois de adulta, ouvir suas histórias de São Paulo. Acho que era uma das pouquíssimas pessoas que conseguiam entender o meu jeito de ser.
A ele, a única coisa que eu posso dizer é: muito obrigada.
Feliz dia dos Pais!!