Feira de domingo da Liberdade, eu comendo o doce com azuki feito em uma das barraquinhas com meu pai. Feira livre do sábado era dia de ir pra feira com ele. Ele voltava carregando o carrinho cheio de verduras e frutas e eu voltava com um balão amarrado no pulso. Parte das minhas lembranças clássicas da infância.
Meu pai era do tipo quietão, preferia ficar na dele. Entre amigos era reservado porém descontraído, principalmente depois de alguns drinques. Gostava dos horários certinhos para almoçar e para jantar. Quando estourava, por algum motivo, era melhor ficar bem longe. Nasceu no Japão, viveu a guerra e o pós-guerra, aos 21 anos lançou seu vôo solo e veio para o Brasil, onde passou seus últimos dias.
Não tive muita convivência com ele. Ele vivia viajando a trabalho, então era um mês fora e uma semana em casa. Quando eu tinha 10 anos, ele foi trabalhar no Japão, como dekassegui, e quando voltou definitivamente para o Brasil eu já tinha lançado meu vôo solo.
Sempre fui muito curiosa com as coisas que ele fazia, quando criança vivia prestando atenção quando podia estar perto dele. Tínhamos uma ligação muito forte, muitas vezes não era preciso uma palavra e já sabíamos o estado de espírito um do outro. Era gostoso, depois de adulta, ouvir suas histórias de São Paulo. Acho que era uma das pouquíssimas pessoas que conseguiam entender o meu jeito de ser.
A ele, a única coisa que eu posso dizer é: muito obrigada.
Feliz dia dos Pais!!