Ah, a chuva…

Estarei dormindo ainda e TODOS os telejornais da manhã irão noticiar o efeito da chuva nessa noite na cidade de São Paulo. Já está na internet. E deve dominar os jornais impressos também. Claro, a aventura surreal que eu acabei de viver não passa nem perto do drama que milhares de pessoas que acabaram de perder seus pertences, bens e até familiares. Mas deu para sentir o gosto amargo dos efeitos da chuva nessa grande metrópole.
Não tinha idéia de quanto tinha chovido antes de tentar sair de um bar na região de Pinheiros. Ao chegar na porta, havia um rio no lugar da calçada. Segundo os funcionários do bar, eles nunca tinham visto a água da chegar a um nível tão alto.


Depois de uns 15 minutos, a água sumiu e pude pegar o caminho de casa. Eu mal sabia que aquilo seria apenas o início da ‘via crucis’ entre os 15km que separavam o ponto aonde eu estava até a minha casa, situada na Zona Norte de São Paulo.
Como ainda chovia, tomei o caminho de costume (o caminho feliz, automático). Tudo ia bem, até chegar no Viaduto Antártica. Apos andar 200 metros pelo viaduto, o trânsito. E nem daria para dar a ré e pegar outro caminho, porque parecia que todos os carros chegavam naquele ponto naquele momento e todos pararam. Logo, todo o viaduto estava cheio de carros.


Com um smartphone na mão, comecei a procurar notícias a respeito da chuva e descobri porque aquele ponto estava parado. A Avenida Marquês de São Vicente tinha alagado, segundo uma foto, a água chegou na altura da roda de um carro de passeio comum. Essa avenida é a que cruza com  o final do viaduto. Durante o trajeto do viaduto, a maioria dos carros desligava o motor, alguns carros pifaram pelo meio do caminho, várias motos de uma empresa de seguros passaram por lá. Havia também as pessoas que saiam dos carros e caminhavam até o final do viaduto para ver o que estava acontecendo. Incrédulos. Passei uma hora e meia para andar até quase o final do viaduto. Ao chegar lá, vi que a água continuava lá, firme e forte.

Uma tentativa foi atravessar o canteiro central (parte que era calçada), voltar o viaduto e tentar outro caminho. A região da Casa Verde também estava alagada. Então fui para a Paulista e a 23 de Maio. Parecia um caminho mais confiável naquele momento. Ao atravessar a Marginal Tietê, percebi que havia pessoas paradas junto à ponte tirando fotos da marginal. Provavelmente deveria estar algada, congestionada ou alguma outra coisa do gênero.
O caminho foi bem até chegar perto do Aeroporto Campo de Marte. Lá também estava completamente alagado e intransitável. Algumas pessoas paradas, fora de seus carros observando a água, outras relatando pelo telefone a situação. Como havia pouco movimento de carros, fiz um retorno rápido, peguei a contra-mão mesmo e voltei para a praça Campo de Bagatele. De lá, minha outra alternativa foi tentar a Avenida Cruzeiro do Sul. Passei perto da rua do Deic, que sempre alaga e, desta vez, não foi diferente: estava alagado. No horário que eu passei não havia alagamento na Cruzeiro, porém havia lixo espalhado por toda a rua. Depois de passar por Santana, a volta pra casa foi mais tranquila, uma vez que já estava em uma região mais alta.
Em dias de transito tranquilo, costumo demorar 45 minutos para fazer o trajeto entre Pinheiros e Santana. Na madrugada, esse tempo reduz para menos de 30 minutos. Mas hoje, o tempo gasto com essa aventura foi de 3 horas e meia. Pelo trajeto, muita água, muita gente desolada, muito lixo espalhado pelas ruas. A chuva, o lixo, a falta de cuidado tanto dos governantes quanto do próprio povo, fazem com que a água invada ruas, calçadas e casas numa velocidade e num nível impressionantes. Provavelmente quando eu acordar na terça-feira, o caos ainda estará dominando a cidade inteira. Mas quero pensar nisso só quando acordar. Até lá.

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